Coração que vê e age com caridade, como o bom samaritano, poderia ser o título do encontro que o Papa Bento XVI teve no passado dia 13 de Maio, com as organizações da Pastoral Social, em Fátima.
Enquanto se esperava pelo Santo Padre o clima era de festa, ensaiando-se cânticos e escutando belas melodias entoadas pelo grupo “Figo Maduro”. A Igreja da Santíssima Trindade estava repleta e notava-se no rosto das pessoas a alegria e ansiedade de quem queria escutar, do sucessor de Pedro, a indicação de caminhos a percorrer, na área social, tendo presente a realidade de que se vive num mundo “em crise socio-económica, cultural e espiritual”.
E foi esse desejo que D. Carlos Azevedo manifestou, em nome da assembleia, pedindo a Bento XVI para que convocasse os presentes “para uma compaixão que dignifica, para uma ternura que cuida, para uma escuta que valoriza, para uma esperança que acompanha”.
Ciente de que a Igreja (e as instituições ligadas à mesma) não têm resposta para todos os problemas da nossa sociedade, o Papa Bento XVI foi, contudo, muito claro na sua mensagem, apontando aos presentes como modelo de intervenção e caminho: o exemplo do Bom samaritano. Caminho que tem no amor a “lei fundamental da perfeição humana e, consequentemente, da transformação do mundo”.
Jesus apontando a via do “vai e faz o mesmo”(Lc 10,37), continua, a lançar o desafio para um estilo a seguir: o estilo onde a caridade se manifesta no encontro com cada irmão, sobretudo através da “prática da compaixão, voltada para os pobres, os doentes, os presos, os sós e desamparados, as pessoas com deficiência, as crianças e os idosos, os migrantes, os desempregados e os sujeitos a carências que lhes perturba, a dignidade de pessoas livres”.
Dizia Bento XVI que quem “aprende de Deus amor será inevitavelmente pessoa para outros” e que “o amor de Deus revela-se na responsabilidade pelo outro”.
Para esta intervenção são necessários agentes (e os leigos têm aqui um papel fundamental) despojados de poder mas determinados no serviço do bem comum e da Justiça, e que procurem conhecer melhor a doutrina social. Agentes, sobretudo os que trabalham nas instituições próximas da Igreja, que se esforcem por dar “respostas concretas e generosas” e agir com “unidade de coração, de espírito e acção”. Para isso as instituições devem ser firmes na sua identidade, actuar com independência das políticas e das ideologias, com actividades complementadas com “projectos de liberdade que promovam o ser humano na busca da fraternidade universal”, e com iniciativas que levem à “construção da civilização do amor”.
Uma última palavra: foi bonito ver, durante toda a visita do Santo Padre, a alegria e a vontade do povo, clamando que quer continuar a escutar e ver a palavra de Jesus.
Fernanda Ramalhoto
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