9 de outubro de 2010

TESTEMUNHOS: Centro João Paulo II, Fátima

Voluntariado com Crianças, Jovens e Adultos Portadores de Multideficiência – Centro JP II, Fátima

Ser presença da ternura de Deus

Os dias que antecedem à nossa ida são sempre de grande ansiedade, expectativa e emoção, quer para os que vão pela primeira vez quer para os que já sentem aquele Centro como uma segunda casa. 

Quando fizemos a visita aos módulos foi muito gratificante voltar a ver os nossos “meninos” e ouvi-los chamar pelo nosso nome, juntando a isso um sorriso enorme e uma alegria contagiante. 

É de louvar a dedicação, o carinho e o amor que todas as funcionárias demonstram enquanto cuidam dos meninos. Um dos momentos mais emocionantes que tivemos foi a presença de uma fadista no Centro para conviver com alguns dos meninos com mais autonomia. Houve um menino que pediu à fadista para cantar “O xaile de minha mãe” e ouvi-lo a cantar, conjuntamente com a fadista, foi um dos momentos mais emotivos. 

A celebração da eucaristia foi um dos momentos que me fascinou porque o celebrante interagia com os meninos de uma forma mágica e eu ficava perplexa pela forma como eles reagiam e participavam. 

Acompanhamos alguns meninos num passeio, a um parque de merendas, e foi uma sensação muito boa ver o brilho do seu olhar e a intensidade dos seus sorrisos, achamos nós, por tão pouco! É neste momento, que os nossos meninos nos dão verdadeiras lições de vida! Aprendi que não precisamos de muito para sermos verdadeiramente felizes. 

Apercebemo-nos dos fortes laços que os meninos têm entre si. No meu módulo, tudo parava para observar a forma carinhosa e protectora que uma menina demonstrava em relação a um menino. Ele reconhecia-a como sua avó! 

Nem sempre é fácil expressar a profundidade e a dimensão de todas as emoções vividas e sentidas naquele que, para mim, é um mundo puro e sem maldade, do qual me custa sair para voltar para a realidade que vivo todos os dias. 

É espantoso como a vida nos pode surpreender! 

Todo este turbilhão de sensações e riqueza interior não faria sentido se não fosse partilhado no grupo pois tudo isso nos enriquecia e criava uma maior união e espírito de grupo. Obrigada a todos. 

Esta caminhada não termina aqui. Sinto-me de coração cheio. O ser voluntário é mesmo isso: mostrar disponibilidade e predispormo-nos para estar junto do outro. 

Agradeço a todos os meninos por sorrirem pois é a força de cada sorriso que no dá alento e sentido à nossa vida. 

“A felicidade é um bem que se multiplica quando é partilhado”. Sinto-me muito feliz por ter vivido esta experiência! 



Cristina Cruz

Sem comentários: