Ser presença da ternura de Deus
Os dias que antecedem à nossa ida são sempre de grande ansiedade, expectativa e emoção, quer para os que vão pela primeira vez quer para os que já sentem aquele Centro como uma segunda casa.
Quando fizemos a visita aos módulos foi muito gratificante voltar a ver os nossos “meninos” e ouvi-los chamar pelo nosso nome, juntando a isso um sorriso enorme e uma alegria contagiante.
É de louvar a dedicação, o carinho e o amor que todas as funcionárias demonstram enquanto cuidam dos meninos. Um dos momentos mais emocionantes que tivemos foi a presença de uma fadista no Centro para conviver com alguns dos meninos com mais autonomia. Houve um menino que pediu à fadista para cantar “O xaile de minha mãe” e ouvi-lo a cantar, conjuntamente com a fadista, foi um dos momentos mais emotivos.
A celebração da eucaristia foi um dos momentos que me fascinou porque o celebrante interagia com os meninos de uma forma mágica e eu ficava perplexa pela forma como eles reagiam e participavam.
Acompanhamos alguns meninos num passeio, a um parque de merendas, e foi uma sensação muito boa ver o brilho do seu olhar e a intensidade dos seus sorrisos, achamos nós, por tão pouco! É neste momento, que os nossos meninos nos dão verdadeiras lições de vida! Aprendi que não precisamos de muito para sermos verdadeiramente felizes.
Apercebemo-nos dos fortes laços que os meninos têm entre si. No meu módulo, tudo parava para observar a forma carinhosa e protectora que uma menina demonstrava em relação a um menino. Ele reconhecia-a como sua avó!
Nem sempre é fácil expressar a profundidade e a dimensão de todas as emoções vividas e sentidas naquele que, para mim, é um mundo puro e sem maldade, do qual me custa sair para voltar para a realidade que vivo todos os dias.
É espantoso como a vida nos pode surpreender!
Todo este turbilhão de sensações e riqueza interior não faria sentido se não fosse partilhado no grupo pois tudo isso nos enriquecia e criava uma maior união e espírito de grupo. Obrigada a todos.
Esta caminhada não termina aqui. Sinto-me de coração cheio. O ser voluntário é mesmo isso: mostrar disponibilidade e predispormo-nos para estar junto do outro.
Agradeço a todos os meninos por sorrirem pois é a força de cada sorriso que no dá alento e sentido à nossa vida.
“A felicidade é um bem que se multiplica quando é partilhado”. Sinto-me muito feliz por ter vivido esta experiência!
Cristina Cruz
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