3 de abril de 2011

Estar ao serviço do outro


Acontece várias vezes: alguém chegar junto a mim a dizer-me com ar sonhador que, também, gostava de um dia fazer voluntariado. Pergunto logo, a essa pessoa, o que falta para dar esse passo. Muitas vezes são respostas lacónicas que oiço ou desculpas várias. Pois…. Há tantos motivos que nos levam a ficar no comodismo ou no quentinho do sofá...

Mas, ao contrário, há um argumento maior que nos leva a sair de nós mesmos, ao encontro do outro: o Amor. É o Amor, a Boa Nova que Jesus Cristo nos traz e que nos deixa como proposta e Vida. Ao longo dos últimos 10 anos, é esse Amor, vivido com a nossa Fé em Deus Pai, que em levado o grupo Diálogos, Leigos Svd para a missão, a promover vários projectos de voluntariado. Começámos com o projecto no Centro João Paulo II, onde talvez o maior desafio, que se coloca aos voluntários, é o de aprender a comunicar, com aqueles “meninos” portadores de deficiência profunda, usando todos os nossos sentidos e todos os dons que Deus nos concede. Só assim conseguimos entender o que “os meninos” nos querem dizer, não por palavras mas através de um simples olhar. Só assim conseguimos sentir que apesar das nossas diferenças, incluindo físicas, todos somos filhos queridos de Deus. É este viver, da nossa vocação missionária, numa atitude de serviço ao outro, que nos tem levado, também, nos últimos 5 anos, até Vilar Formoso, ao encontro da população maior e nos últimos três até à Quinta do Mocho para trabalhar com crianças e jovens. Projectos que nos fazem redescobrir a urgência de sermos missionários onde quer que estejamos, com quem quer que esteja ao nosso lado ou se cruze nos nossos caminhos. Mas ouvimos, igualmente, a voz de Cristo que nos tem desafiado a ir até mais longe. Por isso, já atravessámos 6 vezes o mar até Angola. Ali junto a uma população pobre de bens materiais, mas rica em fé, sentimos a alegria de quem, com toda a sua simplicidade, partilha os seus dons, alicerçados em valores de paz, justiça e fraternidade. Partir para servir.

Darmo-nos ao outro. Ser presença amiga que traz a esperança ou que renova o amor. Tudo isto é uma opção de vida. É um responder com sim à missão a que Deus chama. E quem, senão o voluntário, pode descrever tão bem a alegria que sente no coração ao ver o riso da criança a brincar, ou o sorriso do idoso que tem quem o escute, ou do portador de deficiência que tem quem o leva a passear fora das 4 paredes da sua casa, ou ainda a felicidade do homem, cansado dos tempos de guerra, que, apenas, quer contar as suas histórias? Sofá ou comodismo? Eu prefiro partir e viver a alegria de quem se dá ao serviço dos outros. Um dar sem medida porque a única medida que conheço é o Amor.
Fernanda Ramalhoto
in Revista "SVD ao Encontro", nº 62 de Janeiro/Março de 2011

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