Davide Duarte, membro do grupo Diálogos, está numa missão com a duração de 1 ano em Moçambique através do CMAB (Centro Missionário e Arquidiocesano de Braga). Enviou-nos no início de Setembro este texto que partilhamos.
"Completam-se hoje seis semanas desde a nossa chegada à cidade de Pemba, em terras de Moçambique. Tem sido um tempo de observação, adaptação, inculturação, aprendizagem e preparação para este ano de Missão que estamos e iniciar.
Eu, o Pe. Jorge e a Margarida fomos enviados para a Missão de Ocua, a cerca de 160km da cidade de Pemba, num projeto de cooperação Missionária entre a Arquidiocese de Braga e a Diocese de Pemba. No entanto, ainda estamos a viver e a trabalhar na cidade de Pemba, tentando reunir as condições mínimas de habitabilidade (água, um pouco de eletricidade, algumas alterações/ajustes, limpezas, pinturas, etc…) na casa da Missão de Ocua, que será o nosso “ninho” protetor. Consideramos que estas condições são necessárias para que nos possamos sentir minimamente “em casa” durante este ano de missão!
Assim, estando ainda em Pemba, temos aproveitado estes dias para conhecer outras comunidades e colegas missionários, tentar aprender a língua Macua (apesar da língua oficial ser o Português), fazer algumas compras para a casa onde iremos viver bem como algumas visitas a Ocua para arrumações, limpezas e projeção dos próximos passos da Missão.
Temos tentado cumprir a agenda pastoral programada para os dias 1, 2 e 3 de setembro, com a formação de catequistas de todas as comunidades pertencentes à paróquia de Sta. Cecília de Ocua. Vamos limpando e organizando a casa, de forma a dar resposta às necessidades que vão surgindo. Neste caso concreto quisemos criar condições na casa onde estaremos durante os três dias do encontro de formação.
No primeiro dia do encontro fomos surpreendidos com um problema no nosso carro! Tínhamos partido de Pemba, bem cedo, pois os catequistas aguardavam-nos em Ocua para a Eucaristia de abertura do encontro de formação, marcada para as 8h da manhã. Apenas conseguimos fazer 40km…porque ouvimos um barulho estranho, mesmo antes do carro parar! Ainda tentamos dar um jeito para continuar a nossa viagem, mas logo nos apercebemos que era um “problema grosso” (como se diz por cá). Com um sentimento de impotência decidimos ligar a pedir ajuda…e fomos aguardando a chegada dos mecânicos. Não deu mesmo para continuar a viagem e tivemos de voltar para Pemba, com o carro rebocado. Desde então, já se passaram dois dias úteis e ainda não temos feedback sobre o problema do carro…
Com um carro emprestado pela Diocese de Pemba foi possível chegar a Ocua, já no segundo dia do encontro de formação. Os catequistas presentes, cerca de trinta, acolheram-nos com um cântico e palmas de boas-vindas. Em seguida iniciaram-se os trabalhos da formação.
O Pe. Jorge abordou um tema mais espiritual e de conhecimento da Bíblia deixando algumas orientações para cada catequista partilhar e por em prática na sua comunidade. Foi a partir das parábolas do “Bom Samaritano” e do “Filho Pródigo” que ele introduziu o Ano da Misericórdia que estamos a viver. Mexeu comigo perceber que, estando apenas a dois meses e meio de terminar este Ano Santo da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco, são muitos os cristãos que nunca ouviram falar deste Jubileu, contrapondo as imensas formações, palestras e boletins de informação que tivemos disponíveis na Arquidiocese de Braga, como meios de preparação para o vivermos de uma forma mais intensa e santa! Este sentimento fez-me entender melhor a importância da presença de todos os Missionários espalhados pelo Mundo, nomeadamente nos locais mais distantes e de fraca acessibilidade, onde muito pouco chega…parecendo que se vive num “outro Mundo”! Apesar da tristeza sentida ao perceber estas dificuldades/barreiras…curiosamente são essas mesmas perceções que nos dão maior coragem e força para continuarmos em frente!"
(continua)
Davide Duarte
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