Quando resolvi fazer o voluntariado, o principal objectivo era sentir-me útil, dar um sentido
à minha vida. E se a primeira vontade era a de realizar o projecto de Sto Estêvão, o medo, o receio, as ansiedades em lidar com a diferença física e psicológica fizeram-me optar por outro projecto. Mas como nada acontece por acaso, a vida deu as suas voltas e fez com que a minha cobardia inicial se tornasse em coragem e aceitasse o desafio.
E a vida não me poderia ter presenteado com melhor experiência. O medo, a ansiedade, o receio do que poderia encontrar e de como deveria lidar com pessoas “diferentes” estiveram presentes. Não sei explicar, mas estes sentimentos apenas permaneceram no primeiro contacto e nas primeiras horas de interacção com os meninos e meninas do centro. Talvez tenha entendido que a diferença somos nós que a fazemos quando julgamos os outros pela aparência. E depressa percebi que o objectivo de dar sentido à minha vida era apenas dar o meu tempo, estar de coração aberto para dar carinho, para dar uma palavra amiga, um gesto, um silêncio, mas seria sempre o meu melhor. E em apenas algumas horas senti-me em casa, senti que fazia parte daquele local há imenso tempo.