1 de agosto de 2009

Voluntariado no Centro João Paulo II

O projecto iniciou-se a 24 e terminou a 30 do passado mês de Julho. Éramos 15 voluntários de diversas zonas do país (Guimarães, Peniche, Coimbra, Óbidos, Lisboa, Fundão) unidos com um único propósito: tentar fazer com que aqueles dias em que estivéssemos no Centro fossem enriquecedore, tanto para nós voluntários como, fundamentalmente, para os utentes. O  nosso desafio foi acrescentar algo de muito positivo na rotina daqueles meninos tão especiais.
Foi a primeira vez que fiz este Projecto. Já tinha tido uma outra experiência mas não com esta dimensão. As minhas expectativas, confesso, eram muito altas, ou seja, eu tinha fixado a fasquia bastante elevada! Entusiasmado pelos relatos de quem já participou em anos anteriores; pela forma como foi formado o grupo (que já tinha tido oportunidade de conhecer aquando da visita ao Centro, no dia de Formação que tivemos no passado dia 5 de Julho); pela minha enorme vontade de ter esta experiência (lembro que a mesma ficou estagnada durante um ano, pois no ano anterior não tive oportunidade de participar devido à ausência de férias); e pelos meninos tão especiais que me poderiam oferecer muito mais coisas do que eu poderia dar a eles. Assim, a minha prioridade em termos de voluntariado era de facto este Projecto.  Consegui fazê-lo este ano e ainda bem pois correu muito melhor do que eu pensava, conforme referi na avaliação de grupo. Melhor era impossível...

Primeiro vou relatar o contacto com os utentes - Estive integrado no módulo 402 constituído por doze utentes, todos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 13 e os 46 anos. Os voluntários foram divididos em grupos de 2 elementos. Eu trabalhei com a Marisa e logo surgiu uma empatia com os meninos, ao qual não foi alheio o facto de um utente - Rui Pedro Sousa celebrar mais um aniversário. Cantámos os parabéns, comemos bolo, tentámos animar a festa da melhor forma que podíamos e sabíamos. O primeiro dia do Projecto foi logo marcado por uma festa o que nos deixou imensamente felizes.  O nosso trabalho da parte da manhã consistia, basicamente, em ajudar as funcionárias a cuidar e tratar os utentes, salientando  o aspecto alimentar. Na parte da tarde tínhamos actividades mais lúdicas,  levando-os a passear. Houve um dia em que alguns utentes, e também duas voluntárias tiveram a oportunidade de sair do Centro e fazer um lanche numa mata! Quando eles saíam notávamos, claramente, na expressão dos seus rostos que gostavam, que se sentiam felizes por sair do seu espaço habitual e bem à sua maneira agradeciam-nos de uma forma tão sublime!

Os dias foram passando a passos de gigante, pareciam areia a escorrer por entre os nossos dedos, tal era a velocidade com que os mesmos decorriam. Cada dia era mais uma conquista, conseguíamos cativar mais um sorriso, mais um gesto carinhoso de algum menino  para connosco. A nossa cumplicidade para com eles ia crescendo e a afectividade acompanhava esse mesmo crescimento.Um dos momentos que mais nos tocaram, a nós voluntários, foram as Eucaristias pelas condições especiais das mesmas, pela interacção que havia entre os utentes e o sacerdote demonstrou-nos a todos que quando temos vontade que as coisas aconteçam ,por mais difíceis que possam parecer elas acontecem mesmo.
 
 
Quanto ao Grupo de voluntários, desde o primeiro momento, funcionou como um verdadeiro grupo onde cada elemento, de uma forma determinada e empenhada realizou todas as tarefas que tinha a seu cargo, todos deram o melhor de si em prol do mesmo objectivo. Cada elemento, com as suas próprias características pessoais ajudaram o grupo a crescer  e a tornar-se mais forte. As orações foram muito importantes para a revitalização interior. O momento da partilha, como forma de extravasar o que nos ia na alma naquele momento e as vivências que tínhamos tido ao longo do dia foi muito enriquecedor. Os próprios momentos de diversão foram fundamentais para nos ajudar, enquanto grupo, a criar laços fortes de amizade que a distância, certamente,  não irá quebrar.

Criou-se um espírito de entreajuda e de entrega entre todos deixando em cada um de nós um sentimento controverso de alegria, por aqueles momentos tão mágicos e de saudade porque o que é bom acaba depressa e os dias foram tão intensos, tão cheios que nos deixaram com  saudades e com  a vontade  do reencontro!

Quero deixar uma palavra de agradecimento e de reconhecimento a todos os funcionários do Centro, que com o seu trabalho, dedicação e carinho que sentem pelos meninos nos demonstraram que têm ali uma verdadeira família. O seu trabalho é árduo e muito difícil e foi considerado por mim e por todos os voluntários como muito louvável e digno de reconhecimento. Desde os trabalhos nos módulos, que pelas suas características é um trabalho que requer muita disponibilidade e entrega aos utentes, quer nos diversos sectores, (os chamados de bastidores) cozinha, lavandaria, manutenção que são fundamentais para que tudo o resto decorra com normalidade. 

O nosso bem-haja a todos por esta dedicação que ultrapassa em muito o lado profissional pois o espírito de serviço está bem patente nos seus gestos.

Para terminar quero deixar uma mensagem de agradecimento aos meninos:  A semente que estes meninos plantaram no meu coração jamais morrerá ... porque cada um deles  me ensinou uma coisa diferente: a encarar a vida de uma outra forma, a enfrentar cada problema com muito mais determinação e coragem. As barreiras derrubam-se dia a dia, passo a passo. Estes meninos são iguais a todos os outros meninos, apenas têm características especiais. Mas  como diria a Joaninha é na diferença que está a riqueza... Estes meninos deram-nos grandes lições de  simplicidade, carinho e amor, plantaram em nossos corações a coragem de oferecermos ajuda a quem está ao nosso lado porque é dando que se recebe, é ajudando os que realmente precisam que contribuímos, em muito, para a nossa realização pessoal pois neste mundo ninguém é feliz sozinho...
Ao grupo de trabalho: quero que saibam que sempre estarão no meu coração!

Muito obrigado ao Grupo Diálogos pela iniciativa, consolidada ao longo de 9 anos, e pela oportunidade que me proporcionaram de fazer parte da equipa de voluntários desse projecto. O meu agradecimento a todo o pessoal do Centro João Paulo II pela forma como fomos recebidos e acarinhados.

Bem-haja e até breve.

 Miguel Cruz


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