26 de março de 2011

Missão: a minha perspectiva


Todos nós temos uma missão na vida, seja ela em termos pessoais, familiares, sociais ou até profissionais. Há momentos na vida em que certas vertentes desta missão se tornam mais vincadas e clamam a nossa atenção. A sociedade apela mais à nossa acção numa perspectiva individualista, centrada no eu, no imediato, no fácil, no consumismo.

Ao longo da minha vida tenho dado prioridade ao meu crescimento e desenvolvimento profissional. A vertente pessoal fica circunscrita ao meu pequeno mundo académico e ao meu círculo restrito de amigos e família. Estes valores são cultivados na minha família, no meu círculo de amigos e colegas, porque queremos ser bem sucedidos na vida e valorizados pelos nossos feitos individuais. Não é que considere completamente negativo ter enveredado por este caminho, mas a questão é que, sem me aperceber, estava a fechar caminhos e horizontes na minha vida.

A sociedade dá os impulsos, uns mais fortes que outros, por isso cabe-nos a nós dar mais atenção àqueles que estão mais centrados no próximo, obrigando-nos a sair do nosso mundo para partirmos rumo aos que não estão nos focos da nossa sociedade. Também faço parte desta sociedade, uma sociedade que esconde e coloca de lado uma série de realidades, por nós esquecidas ou até desconhecidas porque, supostamente, não convém que nos desviemos da nossa necessidade de continuar o caminho do sucesso pessoal e familiar. O que nos é dado a conhecer é que esse “mundo” deverá ser deixado ao cuidado de um qualquer “sistema” que o monitoriza, actua sobre ele e nós, tranquilos da vida, deixamos as coisas como estão, porque “alguém” ou algo corrigirá alguma anormalidade que aconteça nesse tal mundo à parte. Esse mundo a que me refiro é o mundo dos idosos, deficientes, pobres, pedintes, povos de outras civilizações que sofrem as agruras resultantes da exploração de um sistema que nos mantém a nós, sociedade próspera e bem sucedida.

Eu tive a sorte de ter sentido um impulso externo que me levou a valorizar outros aspectos da minha vida. Esse impulso aconteceu quando tive o privilégio de entrar para o grupo “Diálogos - leigos SVD para a missão”. Cada actividade que o grupo realiza é um desafio à aprendizagem do saber servir quem mais precisa. Não é tarefa fácil porque, por vezes, temos a tendência para nos fecharmos na nossa “concha” e valorizarmos em demasia a nossa vida pessoal, quando do outro lado estão projectos ou actividades junto de pessoas mais carenciadas e debilitadas. Confesso que ainda estou a crescer e a aprender a saber partilhar o meu tempo, porque sinto que já não me é fácil voltar à “concha” ignorando o que existe para além do meu umbigo!

Paulo Cardoso

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