Aqui fica o testemunho de uma voluntária no Centro Santo Estêvão relativo ao dia de formação para os projectos de voluntariado.
No dia 3 de Julho desloquei-me até Fátima com a curiosidade de saber quem iria encontrar para, como eu, "caminhar" no projecto com jovens e adultos portadores de multideficiência, no Centro Santo Estêvão, em Viseu. Penso ser a única pessoa que, à partida, não conhecia ninguém dos que estariam presentes neste dia de formação. Mas isso não me preocupou, pois tinha consciência disso e esse facto provocava-me uma certa adrenalina. Rapidamente me senti à vontade entre aqueles que fizeram com que este dia fosse muito positivo e motivador. Sabia que era um dia de formação mas confesso que foi muito mais do que isso pois pude estabelecer laços de amizade, partilhar ideias, encontrar respostas para algumas das minhas dúvidas e inquietações.
Foi ver para além de, foi sentir o sabor da novidade e antever como será o projecto que se aproxima, foi sentir o entusiasmo, a alegria e os sorrisos que o voluntariado provoca naqueles que já percorrem estes caminhos há muito tempo. Um momento extremamente marcante foi a visita que fiz ao Centro João Paulo II! Este encontro não deixou ninguém indiferente pois foi o momento de conhecer de perto adultos e crianças muito especiais, na especificidade das suas diferenças.
Foi bom olhar o outro e sentir que eu precisava dele, e não ao contrário…, para dar sentido ao meu estar neste projecto de voluntariado.
Claro que um dia é manifestamente insuficiente para nos conhecermos como desejamos. Um dia sabe a muito pouco pois não conseguimos abrir todas as janelas e afastar todas as cortinas. Sei que algumas das pessoas que conheci farão parte do meu grupo de voluntários, o grupo com quem vou passar dez dias, com quem vou partilhar momentos de alegria e camaradagem. Sinto que este projecto vai desocultar em mim a vontade de encetar outros caminhos e enfrentar novos desafios. O Centro Santo Estêvão, em Viseu será um desses caminhos. Estar, acompanhar, acarinhar definirão o meu ser voluntário neste projecto onde as mãos e o coração nunca serão demais. Nunca será demais quebrar barreiras sociais e físicas onde o preconceito está instalado. Poder proporcionar-lhes novas experiências e descobrir a diferença como uma riqueza e não como uma limitação é o meu grande desafio.
Isto vai exigir um novo olhar sobre os outros para permitir conceber novos pontos de referência. Vai exigir ainda “desmontar” preconceitos e incidir pontos de luz sobre esta nova realidade.
O trabalho de grupo já é um grande desafio pela diversidade que ele encerra, mas o trabalho com os outros sempre será o desafio maior e mais fecundo. Ser voluntária neste projecto é um desafio que decidi abraçar para mais intensamente envolver o outro até sentir que os papéis se inverteram.
Ana Filipa Graça
1 comentário:
Gosto tanto dessa foto. Não foi bem o que eu escrevi,o meu texto era muito mais pequeno, mas ok .. Um beijo a todos. Filipa G.
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