Este título sugere que o ser humano está sempre perto da linha vermelha que separa Deus e 
o homem, nós e os outros.
Nesta linha vermelha, está o egoísmo, a nossa indiferença, o nosso individualismo, a desconfiança, o poder…
Quando ouvimos a palavra tentação, ficamos em alerta, mas, muitas vezes, caímos nela, porque gostamos de usufruir do que nos pode proporcionar ou porque, por vezes, até nos dá jeito.
Nas tentações existem dois dinamismos, duas direções, duas opções. Nestes momentos deve entrar a nossa capacidade de discernir, assumindo todas as consequências das nossas decisões.
O que Jesus nos diz é que a tentação pode ser vencida, apesar da nossa fraqueza, pois ela torna-se força quando, apoiada na fé da Palavra de Deus, se torna como um muro de proteção.
Temos de vivenciar a palavra de Deus todos os dias! Nestes tempos tão conturbados em que vivemos, são muitas as tentações que nos põem à prova.
Quantas vezes travamos lutas interiores sobre o caminho a seguir, a atitude a tomar. As vozes que nos cercam impedem-nos de escutar a única Voz que nos orienta, que nos conduz: Cristo! Somos o que somos… porque ouvimos apenas o que nos convém. Somos o que somos… porque vivemos anestesiados. Somos o que somos… porque estamos instalados nas nossas certezas.
Quando olhamos à nossa volta, quantas vezes somos tentados a ignorar o que vemos!
Quando ouvimos a voz dos que clamam por justiça, quantas vezes nos tornamos surdos!
Está na hora de “sujarmos” as mãos com os mais frágeis e desprotegidos. Está na hora de mudar de margem… ao encontro dos sem eira nem beira. Aceitemos o desafio de sermos cristãos… bem ao jeito de Cristo. Queremos fazer parte dos que não resistem à tentação de se deixarem transformar! Queremos fazer parte daqueles que caem na tentação de procurar um novo sentido para as suas vidas… com o Outro!
Adérito Guimarães
(publicado originalmente no Contacto SVD nº 255)
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