Há pessoas que marcam a nossa vida. Hoje, escrevo sobre uma dessas pessoas. Conheci-o
em 2006, na sua tão querida África, mais propriamente em Angola. Lembro-me bem da forma serena e feliz, quando falava dos anos passados nas aldeias distantes! Para ele, estar em Luanda, era uma perda de tempo. Quando regressei a Portugal, lembrava-me diariamente dele… de como estaria a sua saúde. Um dia, recebi a notícia de que estava de regresso a Portugal… para cuidar da sua saúde! Quis Deus que a comunidade de Guimarães o acolhesse! Assim, foi possível estar perto do simpático e bondoso padre de barbas brancas, tal como idealizamos um avô, de seu nome Carlos Alberto Matos. Tivemos a bênção de o ter, durante alguns anos, como assistente espiritual do Grupo Diálogos. O que dizer de todos estes anos de partilha e convivência? Homem de poucas palavras, é no silêncio, e na troca de olhares, que melhor nos entendemos e comunicamos. A sua serenidade consegue tranquilizar o meu coração, nos momentos mais atribulados, tal como no primeiro momento em que nos conhecemos em Angola! O seu testemunho, de entrega plena à Missão, é uma inspiração diária! As histórias
vividas na “sua Angola”, que vai partilhando connosco, são um tesouro para mim e para Deus! Entre muitas histórias narradas… é impossível não lembrar desta: “Estive três horas, em silêncio, a ouvir um senhor que repetia sempre a mesma história! Foi a melhor homilia da minha vida!” Consigo, aprendi a escutar ainda mais o outro, a viver a vida num desprendimento total, a estar presente, mesmo que em silêncio e de forma discreta. É sempre uma bênção tê-lo connosco, nos momentos mais marcantes da nossa família! Obrigada, Pe. Carlos, por fazer parte da nossa vida! Obrigada, por se deixar “modelar” e
“dissolver” pela Missão, ao longo destes 50 anos de ordenação sacerdotal!
Ana Almeida
(publicado originalmente no Contacto SVD nº 256)
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