19 de julho de 2023

SOLENIDADE DO CORPO DE DEUS

A expressão “Corpo de Deus” é uma das mais desafiadoras e impactantes da vida cristã. 

Acreditamos que foi em Cristo que Deus tomou corpo neste mundo e, por isso, Ele é-nos 
apresentado, em forma da hóstia sagrada, tal como, há anos sublinhou D. Manuel Clemente: “Ora, por “corpo” entendemos a manifestação visível, a realidade e concretização material de um ser e entendemos sobretudo de um ser em relação com os outros, relação que a mediação corpórea significa e permite”.

Os inícios da celebração do Corpo de Deus datam do séc. XIII, fomentada pelo desejo comemorativo da Eucaristia. Assim, em 1264, o Papa Urbano IV instituiu oficialmente esta significante celebração cristã que passou a ser adotada por diversas cidades europeias.

No ano litúrgico, o dia da Solenidade do Corpo e Sangue de Jesus, tem como fim celebrar o mistério da Eucaristia, celebrando-se na segunda quinta-feira após o domingo de Pentecostes, habitualmente pelos inícios do mês junho.

Em Portugal, foi instituído feriado religioso, acontecendo do norte ao sul do país, diversas manifestações desta devoção. As ruas são decoradas com flores, colocados tapetes florais no chão e estendidas bandeiras nas varandas para a realização de procissões. Celebra-se a Primeira Comunhão e/ou a Profissão de Fé das crianças e jovens. E, numa manifestação mais íntima, multiplicam-se as adorações ao Santíssimo no interior das igrejas.

Ainda enquanto Cardeal, o atual Papa Francisco expressou: “A festa do Corpo de Deus é a festa das mãos do Senhor e das nossas mãos. Dessas “santas e veneráveis mãos” de Jesus, mãos chagadas, que continuam a abençoar e a repartir o pão da Eucaristia. E é a festa dessas mãos nossas, necessitadas e pecadoras, que se estendem, humildes e abertas, para receber com fé o Corpo de Cristo”.

Para mim, a solenidade do Corpo de Deus é tempo de estar diante do Santíssimo, agradecendo a Deus, pois acredito que, perante as tantas feridas do mundo de hoje, é no seu anúncio que encontraremos a única força capaz de transformar e unir toda a humanidade. É no momento da elevação do pão e do vinho que nos encontramos na presença real do Senhor na Santíssima Eucaristia, como se também estivéssemos ali, diante de Jesus na Última Ceia, num convite de prova da nossa fé.

Nunca esqueçamos que, se Deus partilhou a sua vida connosco, também nós devemos partilhá-la com os outros. Por isso, sai de ti mesmo e vai ao encontro do outro.

Cristina Gonçalves

(publicado originalmente no Contacto SVD nº 257)

Sem comentários: